Uma vacina nasal brasileira contra o Sars-CoV-2 entrará em fase de testes clínicos em humanos no segundo semestre deste ano. Os estudos sobre a vacina, que poderá ter total produção nacional, estão em fase de desenvolvimento, sob a coordenação dos grupos de pesquisa liderados pelos imunologistas Jorge Kalil (FMUSP/Incor) e Ricardo Gazzinelli (UFMG-Fiocruz).
Os cientistas trabalham em duas frentes:
– O grupo de pesquisa liderado pelo imunologista Kalil está desenvolvendo uma vacina baseada na definição de alvos moleculares para desencadear uma resposta imune humoral e celular equilibrada. O desenvolvimento da vacina utiliza nanopartículas contendo epítopos T e o domínio de ligação ao receptor (RBD) da proteína Spike, uma das que compõem o Sars-CoV-2. Epítopos são a menor parte do antígeno capaz de gerar alguma resposta imune. O domínio RBD constitui o alvo mais promissor para a eficácia da produção de vacinas.
– Já a pesquisa liderada por Gazzinelli propõe o desenvolvimento de uma vacina bivalente, baseada na plataforma da genética reversa do vírus influenza, ou seja, o gene essencial para saída do vírus da célula hospedeira é substituído por um gene que codifica um segmento para proteína spike do Sars-CoV-2. Esse vírus não-replicante gerado em laboratório age infectando as células da mucosa nasal, expressa as proteínas do próprio influenza e a proteína spike, mas não sai da célula. Dessa forma, o vírus induz a resposta imune e não causa a doença.
As formulações desenvolvidas pelos dois grupos tiveram testes iniciais promissores em animais de laboratório, fase já concluída. A expectativa é que o escalonamento da produção e os resultados de segurança nos testes pré-clínicos estejam concluídos até o final do primeiro semestre ou início do segundo, para os pesquisadores iniciarem os testes clínicos das últimas fases.
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