Coronavírus

Em latim, corona significa coroa, indicando o formato de coroa que ele apresenta quando visualizado no microscópio. Os coronavírus constituem uma grande família de vírus de RNA envelopados, circulando entre mamíferos e aves, e causando doenças respiratórias em humanos, como uma gripe comum, mas também SARS (do inglês “Severe Acute Respiratory Syndrome“) e a MERS (do inglês “Middle East Respiratory Syndrome“) que são doenças mais graves.

Ocasionalmente, os coronavírus de animais se disseminam para humanos e, em seguida, se propagam na população, como foi o caso da SARS e da MERS. Quando isso ocorre, normalmente, as infecções são mais graves, pois o vírus não está tão adaptado ao seu novo hospedeiro. Entre estes coronavírus encontra-se o Sars-CoV-2 (do inglês “Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2”), o vírus causador da Covid-19, responsável pela pandemia em 2019/2020.

Linha do tempo

Histórico da identificação de vírus pertencentes ao grupo de coronavírus:

Origem do SARS-CoV2

Sars-CoV-2 é o sétimo coronavírus a infectar seres humanos. Descobriu-se que o vírus é similar aos coronavírus do tipo SARS de morcegos, mas diferente do Sars-CoV e do MERS-CoV. Foi identificado em amostras de lavagem broncoalveolar obtida em pacientes com pneumonia de causa desconhecida, na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019.

A maioria dos pacientes no estágio inicial do surto relatou uma ligação com o mercado atacadista de frutos do mar em Huanan no Sul da China. Embora o mercado seja de frutos do mar, era conhecido principalmente pela venda de carne de animais selvagens e exóticos devido à elevada demanda para consumo. Como as espécies de coronavírus (SARS e MERS) circulam principalmente entre animais e, com a relação entre o surto de pneumonia e o mercado sendo estabelecido, suspeitava-se que o vírus pudesse ter sido transmitido de um animal para o homem. Sugere-se que cobras ou morcegos sejam a fonte do vírus, principalmente considerando a variedade de animais selvagens vendidos no mercado.

Teoria da conspiração

Em Wuhan, pelo menos dois laboratórios estudam coronavírus que se originam em morcegos: o Wuhan Institute of Virology (WIV) e o Wuhan Center for Disease Control and Prevention (WHCDC). Ambos estão próximos ao mercado de frutos do mar. Existem aqueles que defendem a teoria de que o novo coronavírus de disseminou após um acidente de um destes laboratórios de Wuhan. Os pesquisadores de ambos os laboratórios enfrentaram críticas por não seguirem os protocolos de segurança adequados. Entretanto, a vertente mais aceita sobre a origem do Sars-CoV-2 é que ele emergiu naturalmente, sem manipulação genética em laboratório.

Morcego > Pangolin > Humanos

Baseado no sequenciamento genômico, acredita-se que o vírus Sars-CoV-2 é originário dos morcegos, pois seu genoma tem alta identidade com o genoma de coronavírus deste animal. É possível que o pangolim (um mamífero que se assemelha ao tatu-bola) seja o elo mais provável entre o Sars-Cov-2, morcegos e humanos, pois as sequências genéticas de coronavírus de pangolins também possuem alta identidade ao novo coronavírus, apesar de como um todo, esta similaridade ser menor que dos vírus de morcegos. Porém, a sequência do domínio RBD da proteína spike que se liga ao receptor ECA-2 é mais próxima daquela do Sars-CoV-2, quando comparamos vírus do pangolin e de morcegos. Isto faz sentido, pois o receptor ECA-2 dos humanos é mais semelhante ao de pangolins do que dos morcegos. Isso sugere que, antes de chegar aos seres humanos, o vírus provavelmente foi transmitido de morcegos para o pangolim.

Escrito por:

Gabriela Burle
Instituição: Centro de Pesquisas René Rachou – Fundação Oswaldo Cruz.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1182460329644567

Isabella Hirako
Instituição: Centro de Pesquisas René Rachou – Fundação Oswaldo Cruz
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1184115154881325