Devido ao alto grau de transmissão, principalmente por contato direto entre pessoas, o SarsCoV-2, se disseminou rapidamente em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou pandemia em 11 de março de 2020. Hoje (23 de setembro) são confirmados mais de 30 milhões de casos e 952 mil óbitos por Covid-19 no mundo (https://coronavirus.jhu.edu/map.html). Em 19 de setembro de 2020, o Brasil é o terceiro país do mundo com maior número de casos acumulados (mais de 4,0 milhões) e óbitos (135 mil) causados pela COVID-19, doença causada pelo vírus Sars-CoV-2.  

Enquanto os pacientes pré-assintomáticos e sintomáticos parecem ter maior poder de transmissão, os pacientes assintomáticos não menor capacidade de transmissão por possuírem carga viral menor. Em geral, o vírus é disseminado por gotículas infecciosas geradas por meio de tosse, espirro ou respiração ofegante. A transmissão pelo contato direto pode também ser propiciada pelo toque ou aperto de mão, enquanto o contato indireto com superfícies contaminadas pode se dar pela boca, nariz ou olhos. 

Acredita-se que uma mutação sofrida na principal proteína do Sars-CoV-2 (a espícula ou proteína spike), criou um sítio de clivagem por uma enzima proteolítica do hospedeiro. Esta clivagem leva a um aumento na afinidade da proteína spike ao receptor ECA 2. Este fato levou a um maior poder de invasão celular pelo vírus e, consequentemente, uma maior propagação deste no hospedeiro, elevando assim a transmissibilidade.

Variabilidade genética

As mutações genéticas acontecem naturalmente. Toda vez que o material genético é copiado gera pequenas diferenças na sequência de proteínas. O SARS-CoV-2, teria sofrido mutações genéticas, o que é natural na mudança de vetor (animais para humanos). Isso ocorre a fim de evitar o sistema imune e aprimorar a interação com as células do novo hospedeiro, indicando a capacidade de adaptação do vírus aos humanos. Algumas mutações o tornaram mais contagioso e, concomitantemente, menos virulento. Com o tempo, a taxa de mutação do Sars-CoV-2 poderia gerar vírus mutantes que escapam da resposta imune, como é o caso do vírus da gripe. No entanto, o vírus da Covid-19 tem uma capacidade de mutação muito menor que o vírus da gripe. 

Um exemplo foi a mutação na variante D614G. Essa mutação é crucial uma vez que afeta o gene que codifica a proteína spike, responsável pela entrada do vírus nas células humanas. Em um mês, a mutação foi de 10% para 78% das sequências genéticas do vírus analisadas pelos pesquisadores. O aumento da capacidade do vírus de se ligar e entrar nas células humanas, gerou um forte potencial de contágio. Além disso, essa mutação também teve o efeito de reduzir sua capacidade de causar doenças mais graves. Em suma, isso fez com que o vírus se espalhasse mais facilmente na população humana, causando menos danos.

Escrito por:

Gabriela Burle
Instituição: Centro de Pesquisas René Rachou – Fundação Oswaldo Cruz.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1182460329644567

Isabella Hirako
Instituição: Centro de Pesquisas René Rachou – Fundação Oswaldo Cruz
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1184115154881325