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Alimentos com pH alcalino combatem o novo coronavírus por aumentarem o pH sanguíneo. É fato ou é fake?
#FakeNews! Vamos começar, pelo começo! Afinal, o que é mesmo pH?
O termo pH é uma sigla para potencial hidrogeniônico, esse tal potencial hidrogeniônico reflete a concentração de íons H+ presentes em uma determinada solução. Ótimo, mas o que isso significa na prática? Na prática, medir o pH de uma determinada solução nos permite dizer se a mesma é ácida, neutra ou básica; isso porque, a escala de pH foi estabelecida em uma gradação logarítmica que varia de 0 a 14, sendo 0 o valor de pH de uma solução extremamente ácida (rica em íons H+), 7 o valor de pH de uma solução considerada neutra e 14 o valor de pH para uma solução considerada muito básica (pobre em íons H+).
Interessante, mas … qual a importância disto para o nosso corpo?
Para o nosso organismo, quando o assunto é pH, a coisa é séria! Não à toa, nosso corpo possui “sensores” que constantemente medem e controlam o pH do nosso sangue e órgãos. Esses “sensores”, estão localizados em nossas artérias carótidas e na aorta Todo esse aparato biológico é importante para que nosso organismo seja capaz de detectar e responder rapidamente a mudanças de pH que podem naturalmente ocorrer. Uma vez que, todas as funções vitais desempenhadas por nossos órgãos possuem um valor específico e bem rigoroso de pH para que possam acontecer como, por exemplo, o processo de digestão e absorção de nutrientes. Por esse motivo, é tão importante para o correto funcionamento dos nossos sistemas orgânicos, o controle tão estreito dos valores de pH do nosso organismo como um todo.
O pH do nosso plasma sanguíneo, por exemplo, fica rigorosamente em torno de 7,38 e 7,42 e quando este valor é alterado nossos pulmões, rins e demais sistemas de controle (sistemas tampões dentro das células) entram em ação para que o sangue fique constantemente em torno desta faixa de pH. Por este motivo, não faz sentido tentar alterar e manter o pH do sangue ingerindo mais suco de limão, por exemplo! Afinal, o corpo está a todo momento aferindo e acionando os mecanismos de controle para manter o pH sanguíneo nesta rigorosa faixa. Tão vital é esse fino controle, que se o organismo porventura falhar em manter os valores de pH sanguíneo entre os limites de 7,00 a 7,70, a acidose (excesso de íons H+ no sangue) ou a alcalose (insuficiente quantidade de íons H+ no sangue) podem ser fatais!
Agora as coisas ficaram mais claras, certo? Então vamos a mais alguns outros #fatos que ajudam a desmentir esta notícia falsa:
- Não foi possível confirmar a existência do “Virology Center”, supostamente localizado em Moscou na Rússia, bem como, não há nenhum artigo científico publicado sobre o tema associado a este suposto instituto de pesquisa.
- Como discutimos, a escala de pH pode variar de 0 a 14, sendo assim, seria impossível o abacate ter um valor de pH de 15,6, pois esse valor não existe!
- Além disto, o pH de vários dos alimentos citados na #fakenews estão completamente errados, como o pH do limão, por exemplo, que na verdade é por volta de 2,17 a 2,52. Ou seja, um pH considerado ácido e não alcalino!!!
#Lembrete: antes de compartilhar qualquer coisa, sempre confira se é #fake ou #fato!
Referências Bibliográficas:
- Aché, L., & Ribeiro, I. F. (1950). O pH de frutas nacionais. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de São Paulo, 4(2), 267-270. https://doi.org/10.11606/issn.2318-5066.v4i2p267-270;
- MURADÁS, A. S., Quillfeldt, J.A., Rollin G. A. F. S.(1995). Biofísica Fundamental. Editora UFRGS, Porto Alegre;
- SILVERTHORN, D. U. et al. Fisiologia humana : uma abordagem integrada. 7. ed.-. [s. l.]: Artmed, 2017.
A luz solar pode destruir o novo coronavírus através da temperatura. É fato ou fake?
#FakeNews! Assim como outros vírus, o novo coronavírus (SARS-CoV-2) somente pode ser degradado/destruído em temperaturas muito altas. Estudos científicos apontam que o vírus parece se manter estável por pelo menos 24 horas, quando aquecido a 37°C. Já a inativação do vírus (perda de sua capacidade infecciosa) ocorre a partir dos 56°C, porém, ainda é possível que se mantenha a estabilidade do seu código genético, ou seja, de seu RNA. A destruição completa do vírus ocorre próximo aos 90°C. Mas vale ressaltar que isso também dependerá do tempo de exposição do SARS-CoV-2 às essas temperaturas elevadas. Sendo assim, como não é possível atingir essas temperaturas apenas com a incidência da luz solar, os dados científicos sugerem, até o momento, que a simples exposição à mesma não é suficiente para a destruir o novo coronavírus.
Referências Bibliográficas:
- Boris Pastorino, Franck Touret, Magali Gilles, Xavier de Lamballerie, Remi N. Charrel. Evaluation of heating and chemical protocols for inactivating SARS-CoV-2. bioRxiv 2020.04.11.036855; doi: https://doi.org/10.1101/2020.04.11.036855.
- Tony Wang, Christopher Lien, Shufeng Liu, Prabhuanand Selveraj. Effective Heat Inactivation of SARS-CoV-2. medRxiv 2020.04.29.20085498; doi: https://doi.org/10.1101/2020.04.29.20085498.
Beber bastante água, bebidas quentes ou fazer gargarejo com soluções de sal e/ou vinagre são práticas capazes de eliminar o novo coronavírus da garganta. É fato ou é fake News?
#FakeNews! Não há nenhum trabalho científico que demonstre a capacidade destas práticas impedirem a infecção pelo novo coronavírus! Além disto, após entrarem em nosso corpo, os vírus possuem mecanismos bem eficientes para que eles possam se “prender” e infectar as nossas células. Desta forma, é pouquíssimo provável que beber muita água, por exemplo, possa interferir nesta interação entre os vírus e nossas células e impedir a infecção das mesmas! Convém destacar que o SARS-CoV-2 utiliza também outras “portas de entrada” para nos contaminar, que são através das nossas mucosas nasais e conjuntivas, sendo assim, mesmo que essas práticas tivessem alguma validação científica (o que não possuem!), não seriam suficientes para impedir a infecção pelo novo coronavírus através dessas outras vias de contágio. #Lembrete: até o momento, a maneira mais eficiente de se evitar a infecção pelo novo coronavírus é a combinação dos hábitos de higiene reforçados somados ao distanciamento social e uso de máscara!
Referências Bibliográficas:
- https://www.saude.gov.br/fakenews/46582-beber-muita-agua-e-fazer-gargarejo-com-agua-morna-sal-e-vinagre-previne-coronavirus-e-fake-news
- GUAN, Wei-jie; NI, Zheng-yi; HU, Yu; LIANG, Wen-hua; OU, Chun-quan; HE, Jian-xing; LIU, Lei; SHAN, Hong; LEI, Chun-liang; HUI, David S.c.. Clinical Characteristics of Coronavirus Disease 2019 in China. New England Journal Of Medicine, [s.l.], v. 382, n. 18, p. 1708-1720, 30 abr. 2020. Massachusetts Medical Society. http://dx.doi.org/10.1056/nejmoa2002032.
- PENG, Xian; XU, Xin; LI, Yuqing; CHENG, Lei; ZHOU, Xuedong; REN, Biao. Transmission routes of 2019-nCoV and controls in dental practice. International Journal Of Oral Science, [s.l.], v. 12, n. 1, p. 1-6, 3 mar. 2020. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41368-020-0075-9.
Uso prolongado da máscara causa hipóxia. É fato ou é fake?
#FakeNews! Esta mensagem traz uma série de informações falsas que levam a entender que usar a máscara por muito tempo é prejudicial. Essa é mais uma fakenews e nós vamos esclarecer o porquê, avaliando ponto a ponto esta mensagem.
- “Máscara produz hipóxia…a deficiência de oxigênio causa quebra da glicose e aumento de ácido lático
A hipóxia é uma condição patológica em que ocorre a “falta” de oxigênio em um determinado tecido ou célula. Para que isso acontecesse pelo uso da máscara, esta teria que estar totalmente “selada” na pele e isso não acontece. Principalmente com as máscaras feitas em casa, que têm diversas entradas possíveis para o ar (isso inclui aberturas nas laterais e sobre o nariz). Além disso, os tecidos recomendados para a confecção das máscaras são seguros para passagem livre do ar, uma vez que, são compostos de poros absurdamente maiores que as moléculas de oxigênio, que passam livremente pelos materiais recomendados para a confecção das máscaras.
Para uma situação de hipóxia, a pessoa deveria passar por uma vedação completa do ar. Um exemplo disso seria tentar respirar em um local hermético, como dentro de um saco plástico, isso sim causaria a hipóxia e asfixia.
Além disso, a quebra da glicose (uma das formas mais simples de açúcar) e geração de ácido láctico (produto final da metabolização), só acontece em situações de anaerobiose (estado de ausência de oxigênio), o que não corresponde ao caso, afinal, as máscaras não possuem potencial para promover essa situação.
- “Respirar repetidamente o ar expirado se transforma em dióxido de carbono…Isso intoxica o usuário”
Esta #fakenews também tenta convencer que o ar expirado (aquele que soltamos e que de #fato contém dióxido de carbono [CO2]) ficaria preso entre a máscara e o nosso rosto. E assim a pessoa estaria respirando um ar “tóxico”. Essa informação é totalmente equivocada, por várias razões:
– As máscaras não impedem a troca de gases, de modo que o ar que soltamos atravessa livremente o material das mesmas. Caso contrário, o oxigênio também não iria entrar, certo?!
– Como as máscaras permitem a passagem de CO2, ele não se acumula no espaço entre a máscara e nosso rosto, sendo impossível então a intoxicação por este motivo.
– As máscaras foram projetadas para “barrar” o vírus, por uma ação filtrante das partículas que possam estar contaminadas. Essas partículas são muitíssimo maiores que as moléculas de CO2. Portanto o ar passa, mas as partículas contaminadas não.
– A máscara não é hermeticamente fechada (vedada). Assim, permite a passagem de ar pela parte superior e laterais, para além dos poros contidos em seu todo seu material
- “levantá-la a cada 10 minutos para continuar se sentindo saudável…”
Esta informação vai contra TODAS as recomendações dos órgãos de saúde, como da OMS (Organização Mundial da Saúde), do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) e do próprio Ministério da Saúde. Estes órgãos também não alertam a hipóxia como um efeito colateral do uso prolongado de máscaras. Além disso:
– Levantar a máscara aumenta o risco de contaminação, pois expõe a boca e o nariz, que são as principais vias de entrada do novo coronavírus.
– As máscaras também servem para evitar que a pessoa assintomática dissemine o vírus a partir da liberação de aerossóis, contendo o SARS-CoV-2, no ambiente. Então removê-la constantemente vai facilitar essa possível via de transmissão.
– No momento em que se levanta a máscara e toca em sua parte externa, a pessoa pode contaminar a mão sem perceber. Isso aumenta não só o risco de sua própria contaminação, mas também, da contaminação de outras pessoas através do contato com superfícies.
– Os órgãos de saúde nacionais e internacionais recomendam que se evite ao máximo tocar nas máscaras. Caso isso ocorra, é necessário fazer a higienização correta das mãos com água e sabão ou álcool 70%. Por este motivo, é aconselhado que sempre retiremos a máscara do rosto segurando pelos elásticos.
E para continuar “se sentindo saudável”, mantenha os hábitos de higiene, boa alimentação e a prática de exercícios!
- “É contraproducente…Vamos usar a máscara conscientemente.”
Contraproducente é espalhar #fakenews. Ainda mais aquelas que expõem a população ao risco de contaminação pelo novo coronavírus!
De #fato, vamos todos usar a máscara conscientemente e corretamente, seguindo as recomendações dos órgãos de saúde!
Referências Bibliográficas:
- OMS. https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/advice-for-public/when-and-how-to-use-masks
- CDC. https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prevent-getting-sick/diy-cloth-face-coverings.html
- MS. https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46645-mascaras-caseiras-podem-ajudar-na-prevencao-contra-o-coronavirus
- ANVISA. http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/4340788/NT+M%C3%A1scaras.pdf/bf430184-8550-42cb-a975-1d5e1c5a10f7