Estudo indica que formas mais graves da COVID-19 podem estar associadas a um grupo de genes envolvidos na ativação de neutrófilos

Em artigo publicado na revista científica Immunology pelo ImmunoCOVID, consórcio de pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de São Carlos que investigam aspectos relacionados com a imunopatologia e com a busca de marcadores imunológicos para a COVID-19, foi realizado um estudo multidimensional que combinou a análise do transcriptoma sanguíneo, dados demográficos, aspectos clínicos e resultados laboratoriais de 66 participantes classificados em diferentes formas clínicas da COVID-19 (branda, moderada, grave e crítica) e indivíduos saudáveis. O estudo foi coordenado pelos pesquisadores Vânia L. D. Bonato (FMRP-USP) e Marcelo Dias-Baruffi (FCFRP-USP).

Durante a pesquisa, foi identificada uma perturbação no perfil transcricional de leucócitos sanguíneos associada ao agravamento da COVID-19, que estava principalmente relacionada a processos que desfavoreciam a ativação de linfócitos e favoreciam a ativação de neutrófilos.

“Já se sabia que a neutrofilia, que é o aumento de neutrófilos na circulação, está associada com mau prognóstico da doença. No transcriptoma, realizado em nosso trabalho, foram analisados 19.209 genes e o resultado mais interessante é que encontramos uma assinatura gênica relacionada a um perfil de ativação de neutrófilos em pacientes hospitalizados com a forma moderada quando comparados aos pacientes domiciliares também com a forma moderada (‘ponto de viragem’ da gravidade da COVID-19). Além disso, observamos que a intensidade da perturbação gênica desta assinatura foi ampliada a partir de pacientes hospitalizados com a forma moderada até aqueles com a forma crítica desta doença, indicando que a progressão da gravidade da COVID-19 está relacionada a um perfil de ativação de neutrófilos”, explicam os imunologistas Marcelo Baruffi e Vânia Bonato.

O artigo está disponível neste link

O ImmunoCOVID conta com pesquisadores da FMRP-USP, FCFRP-USP, EERP-USP, Faculdade de Química de RP-USP e UFSCar; estudantes de pós-graduação, pós-docs, médicos do Hospital Santa Casa e do Hospital São Paulo de Ribeirão Preto, e estudantes de graduação.

Autores: Carlos A Fuzo, Thais FC Fraga-Silva, Sandra R Maruyama, Victor AF Bastos, Luana A Rogério, Nayore T Takamiya, Pedro V da Silva-Neto, Vinícius E Pimentel, Diana M Touro, Malena M Pérez, Jonatan CS de Carvalho, Ingryd Carmona-Garcia, Camila NS Oliveira, Augusto M Degiovani, Fátima M. Ostini, Letícia F Constante, Alessandro P de Amorim, Fernando C Vilar, Marley R Feitosa, Rogério S Parra, José JR da Rocha, Omar Feres, Gilberto Gaspar, Angelina L Viana, Ana PM Fernandes, Isabel KFM Santos, Elisa MS Russo, Cristina RB Cardoso, Carlos A Sorgi, Lúcia H Faccioli, Vânia LD Bonato, Marcelo Dias-Baruffi.

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